Análise Fundamentalista – Instrumentos de avaliação
Publicado por Israel Alves em novembro 18, 2020
O que é Análise Fundamentalista?
A Análise Fundamentalista é utilizada para estimar o valor justo de uma empresa.
A análise parte de uma premissa: que o mercado possui diferentes níveis de eficiência e que tal fato pode gerar distorções no preço de um ativo.
O valor justo é diferente do preço de mercado, o que abre oportunidades de compra ou venda de ações.
Em outras palavras, a Análise Fundamentalista é uma ferramenta importante para que o investidor possa decidir se vale a pena investir no ativo.
Ao avaliar a saúde financeira das empresas e o cenário econômico em que estão inseridas, é possível estipular seu potencial de crescimento no longo prazo e assim definir um “preço justo”.
A paciência é uma virtude
Benjamin Graham foi o precursor desse tipo de análise. Ele defendia que o preço de uma ação deve refletir a expectativa de lucros futuros, tendo em vista seu fluxo de caixa em determinado momento.
Instrumentos de avaliação
Possuindo um conjunto de instrumentos que avaliam o cenário macro e micro em que a empresa está inserida, a análise fundamentalista baseia-se nos conceitos de:
- Decisão de investimentos baseada em fundamentos da empresa;
- Valor relativo da ação calculado com base em patrimônio, receita e lucro;
- Valor da ação considerando o valor presente líquido dos fluxos de caixas futuros.
Por meio de estudos da situação da empresa e perspectivas futuras
é possível comprar determinados ativos com expectativa de valorização em períodos de médio e longo prazo.
A seguir são apresentadas os principais demonstrativos financeiros que embasam a Análise Fundamentalista!
Balanço Patrimonial
Como uma verdadeira fotografia da empresa, o Balanço Patrimonial é um documento publicado por empresas listadas na bolsa, trimestralmente ou anualmente.
Os recursos entram nas empresas inicialmente pelo Passivo e saem, sobretudo, pelo Ativo.
No balanço são avaliados o Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. Equipamentos, terrenos e caixa são exemplos de bens de uma empresa.
Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido.
O Ativo é dividido por:
Ativo Circulante e Ativo Não Circulante.
Caixas, aplicações financeiras, contas a receber, estoques e imobilizado intangível. Ou seja: tudo o que a empresa pode transformar em dinheiro – no curto ou longo prazo.
Ativo = decisões de investimento.
_______
O Passivo é dividido por:
Passivo Circulante, Passivo Não Circulante e Patrimônio Líquido.
Contas a pagar, impostos, taxas, financiamentos e salários. Refere-se ao dinheiro que deve sair da empresa, ou seja, o Passivo.
Passivo = decisões de financiamento.
_______
Patrimônio líquido
O patrimônio líquido diz respeito ao capital que a empresa tem acumulado. Os recursos são captados via capital de terceiros (dívidas) e capital próprio (recursos dos proprietários).
DRE – Demonstração do Resultado do Exercício
A DRE pode ser entendida como um resumo das receitas e gastos da empresa em determinado período. Se o Balanço Patrimonial é uma foto, a DRE é um filme da empresa.
Sua elaboração é norteada pelo princípio da competência.
Fluxo de Caixa Descontado
A função central do DFC é registrar a conversão de lucros em caixa
(como um extrato bancário).
Indicando a origem de todo o dinheiro que entrou e saiu do caixa em determinado período.
Este demonstrativo é importante pois estima a capacidade de geração de caixa.
De acordo com o regime de competência, os lucros podem divergir do caixa em virtude, principalmente, do ciclo operacional e financeiro da empresa.
Estrutura do DFC
- Saldo inicial de caixa
- Fluxo de caixa operacional
- Fluxo de caixa de investimentos
- Fluxo de caixa de financiamento
- Saldo final de caixa
Uma vez conhecidos os indicadores, é hora de aprofundar o entendimento na Análise Fundamentalista.
Vamos dividir as análises em três partes:
1 – Analise por fluxo de caixa descontado
2 – Análise por múltiplos
3 – Análises complementares
Vale a pena, também, conhecer os princípios da análise:
Em um mercado eficiente, o preço de mercado reflete os lucros potenciais da empresa e seus dividendos, os riscos de negócio, os riscos financeiros decorrentes da estrutura de capital da empresa e o valor dos ativos.
Avaliação por fluxo de caixa descontado
O fluxo de caixa descontado resume as entradas e saídas de dinheiro ao longo do tempo e esses fluxos são trazidos a valor presente por uma taxa risco.
Sendo:
n = Número de períodos projetados (horizonte de tempo);
FCE = Fluxo de caixa do período projetado;
i = Período do fluxo de caixa projetado;
g = Taxa de crescimento da perpetuidade; e
TD = Taxa de desconto (normalmente WACC)
A metodologia de determinação do valor de mercado de uma empresa envolve:
- Fluxo de caixa: O Fluxo de Caixa é estabelecido com base na análise de mercado e da empresa avaliada;
- Determinação da taxa de desconto (taxa mínima de atratividade): Expressa o custo de oportunidade considerando a estrutura de capital da empresa;
- Horizonte de tempo das projeções: Primeira parte: período previsível (normalmente de 5 a 10 anos) Segunda parte: valor residual (perpetuidade).
Análise por múltiplos
Avaliação relativa:
Consiste em determinar o valor da empresa, comparando seu desempenho com o de outras semelhantes.
Logo, a Avaliação Relativa procura precificar um ativo comparando-o com similares no mercado.
Os dois componentes fundamentais na avaliação relativa:
- Identificar empresas (ativos) comparáveis no mercado;
- Calcular o preço de mercado da empresa em relação a uma determinada variável.
A seleção de empresas comparáveis a que se deseja avaliar deve considerar os seguintes itens:
- Empresas da mesma indústria e área de atuação;
- Empresas do mesmo porte e tamanho,
- Empresas com características e fundamentos semelhantes.
Preço/Lucro
Este múltiplo que permite avaliar a atratividade do preço de uma ação em relação a outras empresas do mesmo segmento.
É definido como:
P/L = Preço da Ação / Lucro por Ação projetada (LPA).
Preço/Vendas
Mostra a relação entre a capitalização da empresa e o valor da receita líquida de vendas.
Representa o quanto o mercado está disposto a pagar por cada receita gerada.
Quanto menor, melhor.
Preço da Ação / Receita da Ação ou Valor de Mercado / Receita Total.
Preço / Valor Patrimonial
Este indicador aponta quanto um acionista topa pagar pelo patrimônio líquido da companhia.
P/VPA = Preço da ação / Valor Patrimonial da Ação.
VPA = Patrimônio líquido / Número total de ações.
Quanto menor, melhor.
Uma vez que indica que a ação está pouco valorizada ou tem potencial de alta
Valor da firma / EBITDA
Mostra a relação entre a capitalização da empresa e o valor da receita líquida de vendas.
Representa o quanto o mercado está disposto a pagar por cada receita gerada.
Quanto menor, melhor.
Quanto maior o múltiplo, mais cara se encontra a ação e vice versa.
A comparação deve ser feita entre companhias do mesmo setor.
Análises complementares
Análise horizontal
Faz comparações entre demonstrações de diferentes períodos.
A análise horizontal mede a evolução das contas do balanço e DRE.
Indica as variações de um período para o outro.
Análise vertical
Determina a proporcionalidade das contas do DRE em relação a receita líquida de vendas. Mostra a importância relativa de cada conta.
Análise top down
Começa pela visão macroeconômica, analisando a economia como um todo e o setor em que a empresa está inserida.
Compreende-se como será o desempenho da companhia em diferentes possíveis cenários esperados para o futuro e projeta-se o preço da ação com base nessas perspectivas.
Análise bottom up
São analisadas as demonstrações financeiras, são feitas projeções de fluxos de caixa e são compreendidos aspectos de gestão, marca e reputação da companhia para estimar o valor da empresa e suas ações.
Indicadores de desempenho
Índices de rentabilidade
Margem bruta:
Indica quanto a empresa obtém de retorno sobre as vendas após descontar os custos.
Fórmula:
(Lucro Bruto/Vendas Líquidas) * 100.
Margem operacional:
Indica o lucro operacional obtido para cada unidade de venda realizada. Inclui despesas / receitas não operacionais.
Fórmula:
(Lucro Operacional/ Vendas Líquidas) * 100
Margem líquida:
Indica qual percentual de vendas resultou em lucro líquido, após o pagamento de todas as despesas e impostos.
Fórmula:
(Lucro Líquido/ Vendas Líquidas) * 100
(ROA) Retorno sobre ativo
Representa a lucratividade da empresa em relação aos investimentos totais.
Fórmula:
(Lucro Líquido/Ativo Total) * 100.
(ROE) Retorno sobre o empreendimento
Indica o retorno que os acionistas estão obtendo em relação a seus investimentos.
Fórmula:
(Lucro Líquido/Ativo Total) * 100.
EBITDA
Mede a produtividade e eficiência do negócio, eliminado os efeitos dos financiamentos e das decisões meramente contábeis.
Fórmula:
Lucro Operacional (EBIT) + depreciação e amortização
_________
Leia também:
- Contratos Futuros – Tudo o que você precisa saber antes de investir
- Automações em minicontratos – Uma alternativa inteligente
Categorias: Primeiros Passos
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